A diversidade das abelhas nativas

As colmeias das abelhas-sem-ferrão podem funcionar com até mesmo cinco rainhas

Há 400 espécies de abelhas-sem-ferrão no mundo. No Brasil são encontradas cerca de 300 dessas espécies – sendo o país com a maior variedade. As abelhas-sem-ferrão, que carregam esse nome justamente por terem o ferrão atrofiado, pertencem à ordem Hymenoptera, superfamília Apoidea, dividida em dois grupos: Trigoninis e Meliponinis e são abelhas que vivem em lugares onde o clima é tropical e subtropical. A única diferença desses dois grupos, é que as abelhas do grupo das trigonas podem ser encontradas na África, América, Austrália, Índia, Indonésia, entre outros, e as do grupo das meliponas são exclusivas da América do Sul.

As abelhas nativas podem chegar a uma velocidade de voo de 25 km/h, alcançando uma distância de 600 a 2.400 metros. Conseguem visitar entre 50 a 1000 flores por dia. São insetos geralmente pequenos, entre, 1,5 a 11 milímetros. Devido ao seu tamanho e por terem o ferrão atrofiado, precisaram desenvolver diversos mecanismos de defesa. Algumas espécies camuflam as entradas de seus ninhos, outras constroem acessos estreitos, cuidados por abelhas-guardas. Mas o método mais comum de defesa é se enroscarem nos pelos do invasor.

As abelhas nativas fazem as colmeias em lugares protegidos de invasores, do vento, da chuva e do barulho. Elas buscam ocos de troncos, cavidades nas árvores, e com a urbanização precisaram se adaptar construindo muitas vezes em estruturas como muros, paredes, lajes, entre outros. A colmeia é erguida, com mistura de cera, própolis e barro. Cada espécie das abelhas-sem-ferrão tem um formato estrutural interno e uma entrada única do ninho.

Após a construção dos ninhos e a certificação de que estão seguras, começam então a enxameação da colmeia, dividida por operárias, zangões e a abelha-rainha. A população dentro das colmeias de abelhas nativas pode variar entre 100 a 1000 insetos. As abelhas passam por quatro etapas em toda a sua vida, primeiro o ovo, depois a larva que é colocada no disco de cria. No caso das abelhas nativas, ficam na horizontal. Há também a fase de ninfa e, finalmente, a adulta.

A abelha-rainha se forma através de fatores genéticos e alimentares, tendo um tempo de vida entre 1 a 3 anos. Dependendo da espécie de abelha nativa, a colmeia pode ter mais de uma rainha (chegando a ter até 5 ao mesmo tempo). A abelha-rainha é a única fértil, e sua principal função se baseia em ser fecundada. Os ovos podem ou não ser fertilizados pelo espermatozoide do zangão, que são as abelhas macho, responsáveis pelo acasalamento. Podem nascer da própria ou a partir de um óvulo não fecundado, vivem em torno de 40 a 45 dias e dependem exclusivamente das operárias para sobreviverem.

Quando os ovos são fertilizados, nascem as operárias, que são estéreis. “Quando bem pequenas, ficam ajudando na limpeza, cuidando da colmeia. Quando ficam jovens começam a produzir cera. Por volta de 25 dias de vida, elas começarem a buscar barro, pólen e néctar. Algumas tornam sentinelas. Por volta dos 50 dias, elas morrem”, explica o agroecólogo Felipe Thiago de Jesus, especialista em agroecossistemas.

O recolhimento do pólen e do néctar das flores permite que as abelhas nativas façam o mel. O sabor, que pode ser azedo, amargo e doce, a coloração e o cheiro variam de acordo com a flor utilizada, da própria condição ambiental no momento do recolhimento do pólen e do néctar e, também, depende da espécie de abelha que realiza o processo.

A seguir, com a galeria, é possível conhecer algumas espécies existentes de abelhas-sem-ferrão, e qual a principal característica de cada uma delas.